Perdão – Deus e o Papel da Igreja (Parte 3)




Perdão – Deus e o Papel da Igreja (Parte 3)


Olá, que a Graça e a Paz do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo estejam contigo.

Hoje nós chegamos ao nosso último post sobre Perdão, o terceiro de três breves estudos (Leia os outros dois estudos: Perdão - Parte 1 e Perdão - Parte 2)

São estudos breves devido à complexidade dos mesmos, pois lidamos com sentimentos e emoções. Mas de um modo geral, conseguimos explanar como a bíblia nos orienta a proceder.

Neste estudo de hoje, nós vamos explanar como a Igreja deve proceder caso algum irmão seja exposto e como Deus trata o pecador, no caso toda a humanidade.

“Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós” (1 João 1.4). Começamos nosso estudo com este versículo para que já de início entendamos que todos estamos sujeitos a tudo e o pecado está sempre conosco. Se fossemos santos, Jesus então se sacrificou em vão. Mas não tenha isso como desculpa para pecar, antes busque constantemente sua santificação (Hebreus 12.14) e tenha sempre na mente e no coração o que diz 1 Coríntios 6.12: " ‘Tudo me é permitido’, mas nem tudo convém. ‘Tudo me é permitido’, mas eu não deixarei que nada me domine”.
Nossos antepassados usavam erroneamente o seguinte versículo: “Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na presença de todos, para que também os demais temam” (1 Timóteo 5.20). A bíblia diz claramente “...aos que VIVEM no pecado...”, aqueles que constantemente e deliberadamente o faz. Não devem ser expostos todas as pessoas e seus erros. Isso já gerou muitos constrangimentos e afastamentos e é trágico demais. Nem todo o pecado deve ser confessado à Igreja, mas somente casos específicos (que vamos buscar esplanar), que ferem diretamente o corpo de Cristo. Fora esses casos, os demais devem ser tratados somente entre as duas partes envolvidas ou entre a pessoa e Deus, dependendo do que aconteceu.

Outro caso que permite ser levado à Igreja é o que está descrito no seguinte versículo: “Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só. Se te ouvir, ganhaste a teu irmão. Mas se não te ouvir, leva contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda palavra seja confirmada. E se não ouvir, dize-o à igreja; e, se também não ouvir a igreja, considera-o como gentio e publicano” (Mateus 18.15-17). Mas note que levar o caso a Igreja é em última hipótese, não a primeira alternativa. E todo este processo não é para saber quem está certo ou errado, não deve estar envolvido soberba aqui, mas antes, o seguinte principio bíblico: “lembrem-se disto: Quem converte um pecador do erro do seu caminho salvará a vida dessa pessoa e fará que muitíssimos pecados sejam perdoados” (Tiago 5.16-20).

“Ao servo do Senhor não convém brigar mas, sim, ser amável para com todos, apto para ensinar, paciente. Deve corrigir com mansidão os que se lhe opõem, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento, levando-os ao conhecimento da verdade, para que assim voltem à sobriedade e escapem da armadilha do Diabo, que os aprisionou para fazerem a sua vontade” (2 Timóteo 2.24-26). Aqui já vemos diversas coisas que são funções da Igreja e nenhuma delas pede para você humilhar ou excluir, antes, pede para que corrija com MANSIDÃO, para que Deus conceda o arrependimento a este e o mesmo recobre sua consciência.
Mas espera, recobrar consciência? Exatamente isso. O inimigo ou o pecado (que também é inimigo), podem nos atingir de tal forma que ficamos cegos a ponto de nos esquecermos quem realmente somos e não nos lembrarmos da misericórdia de Deus. Foi exatamente isso que aconteceu com Davi quando pecou gravemente (2 Samuel 12.1-13) e pode acontecer com qualquer um. A missão da Igreja nesse caso e orientar e ajudar o irmão a retornar o caminho, com repreensão se for preciso.

A princípio, não cabe a Igreja decidir se essa pessoa receberá perdão ou não, mas de decidir se a pessoa permanece em comunhão ou não. Perdoar ou deixar de perdoar dependerá única e exclusivamente das atitudes que a pessoa que pecou tomar. Se a pessoa não quer mais permanecer no corpo de Cristo mesmo tudo sendo exercido a Luz da Bíblia, deixe que tal pessoa vá, e se ela um dia retornar, daí sim a pessoa deve pedir perdão e estará nas mãos da Igreja perdoar e aceita-lo de volta. A pessoa precisa se arrepender e buscar o perdão, e a Igreja deve então, nesse caso, perdoar e aceita-lo na comunhão. O ato de perdoar provém de Deus, a nos cabe julgar casos do gênero. Se fossemos responsáveis por perdoar ou não todos os casos, então a palavra dita em 1 João 1.9 seria em vão: “Se confessarmos os nossos pecados, ELE é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça”. Devemos orientar e orar por este irmão ou irmã (Tiago 5.16), e aqueles que se arrependeram e retornaram a comunhão, é dever da Igreja recebe-lo com amor (1 João 4.7).
“Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros; refiro-me com isto não propriamente aos impuros deste mundo, ou avarentos, ou roubadores, ou idólatras, pois neste caso teríeis que sair do mundo. Mas agora vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal nem ainda comais. Pois com que direito haveria eu de julgar os de fora? Não julgais vós os de dentro? Os de fora, porém, Deus os julgará. EXPULSAI, pois, de entre vós o malfeitor” 1 Coríntios 5.9-13 (Romanos 16.17 vai reforçar esta mesma passagem e Mateus 18.18 e 19 concede tal autoridade). Mas observe o detalhe que Paulo inseriu ao falar do pecador: “dizendo-se irmão”. Isto se refere a quem quer se parecer irmão sem o ser; não fala de uma queda ou tropeço espiritual, mas de uma prática contínua de pecados e excluir não significa proibir a pessoa de colocar o pé na Igreja, mas sim deixar de reconhecê-la como parte do corpo, e isto envolve deixar de se relacionar (Tito 3.10,11), de ter comunhão com a pessoa. Isto fica claro quando o apóstolo diz: “com o tal nem ainda comais”.

É diferente do que acontece em 2 tessalonicenses: “Caso alguém não preste obediência à nossa palavra dada por esta epístola, notai-o; nem vos associeis com ele, para que fique envergonhado. Todavia, não o considereis por inimigo, mas adverti-o como irmão” (2 Tessalonicenses 3.14 e 15). Aqui vemos alguém desobediente sendo repreendido, um IRMÃO necessitando se consertar, diferente daquele que finge ser irmão, narrado em 1 Coríntios 5.9-13. Com sabedoria e paz deve ser a exortação (“A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração” (Colossenses 3.16).
O que a Igreja (quero dizer o corpo de Cristo) não entende é que seu papel no caso de alguém que peca (salvo determinados casos já expostos aqui) é acolher, não dispersar. É abraçar, não rejeitar. É demonstrar Amor e conduzi-la ao Amor de Cristo para o arrependimento, e não olhar com cara feia, de desprezo, com soberba, disseminando histórias e compartilhando a vergonha alheia. Isto é papel do Joio e no dia da grande colheita, da volta de Jesus, o Joio será separado do Trigo. Se você não faz papel de irmão, mas descrente, se conserte enquanto é tempo e aprenda sua função no corpo e auxilie seu irmão. O corpo não dispensa um de seus membros, antes procura curá-lo para que volte a normalidade.

E onde está Deus nessa história toda? Em cada palavra aqui escrita, em cada versículo mencionado, nas vidas e ai do seu lado. Ele auxilia todas as coisas, Ele prove tudo e sua misericórdia não tem fim.
Todas as instruções passadas nesses três estudos foram escritas com esforço para que nada fugisse da Bíblia. Sendo assim, creio que Deus está em cada frase dita aqui. Zelando e amando, instruindo você enquanto lê, te ajudando e lembrando de coisas na sua vida e sempre disposto a ajudar nesse processo difícil chamado Perdão.
Deixo aqui alguns versículos para que você possa meditar um pouco mais:
“Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores.” Romanos 5.8
"Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3.16
“Esta é a minha oração: Que o amor de vocês aumente cada vez mais em conhecimento e em toda a percepção, para discernirem o que é melhor, a fim de serem puros e irrepreensíveis até o dia de Cristo, cheios do fruto da justiça, fruto que vem por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.” Filipenses 1:9-11
“Sobretudo, amem-se sinceramente uns aos outros, porque o amor perdoa muitíssimos pecados”. 1 Pedro 4:8
“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos).” Efésios 2.4-5
“Porque o Senhor, vosso Deus, é piedoso e misericordioso e não desviará de vós o rosto, se vos converterdes a ele.” 2 Crônicas 30:9b
“Contudo, o Senhor espera o momento de ser bondoso com vocês; ele ainda se levantará para mostrar-lhes compaixão. Pois o Senhor é Deus de justiça. Como são felizes todos os que nele esperam!” Isaías 30.18
“Todos os caminhos do Senhor são misericórdia e verdade, para aqueles que guardam Seu concerto e Seus testemunhos.” Salmo 25.10
Não seja um dos que promovem discórdia entre irmãos. Esses tais Deus não suporta (Provérbios 6.19), antes propague o amor, pois sem ele não conseguiremos viver em comunhão. São casos específicos onde deve haver a repreensão pública e em último caso a exclusão, mas em todos os casos, deve prevalecer a mansidão (2 Timóteo 2.24-26), pois todos estamos sujeitos a falhas (1 João 1.8).

Deus tem sempre uma nova oportunidade. Isso é Graça dEle, não é mérito nosso. Sejamos IRMÃOS, não apenas colegas; sejamos FAMÍLIA, não vizinhos. Somos um só corpo e o corpo cuida e zela por seus membros. “Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Efésios 4.15).

Deixo aqui um último versículo para reflexão: “E consideremos uns aos outros para nos incentivarmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia” (Hebreus 10.24 e 25).

Que Deus nos abençoe hoje e sempre!



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